Ao contrário do que muita gente pensa, o colesterol não é, por si, um vilão da saúde. Em níveis adequados, ele é fundamental para formação de hormônios esteróides (cortisol, aldosterona, estrógeno, progesterona, entre outros), ácidos biliares e vitamina D. Além disso, é parte fundamental da membrana das células, tornando-as fluidas e mantendo as funções do corpo em perfeita harmonia. 

No entanto, não é à toa que o colesterol ganhou fama de vilão. Quando em níveis elevados, está associado às doenças cardiovasculares. Segundo a OMS, é a principal causa de morte no mundo. No Brasil, é a causa de cerca de 1 em cada 3 mortes por doenças crônicas não transmissíveis (DCNT).

Mas calma. Não é de uma hora para a outra que alterações recentes nos níveis de colesterol evoluem para uma doença do coração. A seguir, detalharei passo a passo como essas doenças estão associadas.

Por que se diferencia o colesterol “bom” do “ruim”?

Os tipos mais conhecidos de colesterol são o HDL e o LDL. LDL é a sigla em inglês para Low Density Lipoprotein, que em português quer dizer proteína de baixa densidade. Já o HDL, High Density Lipoprotein, é a lipoproteína de alta intensidade. 

Eles não são o colesterol em si, mas sim lipoproteínas que “carregam” o colesterol pela corrente sanguínea. A diferença entre o bom e o ruim está na densidade. O LDL, por ter baixa densidade e muita afinidade por vasos sanguíneos lesados (o que é comum quando há hipertensão, diabetes e tabagismo associados, por exemplo), quando em excesso acaba “ficando pelo caminho”. Ao longo do tempo, ele se acumula nos vasos. Assim, o espaço para passagem do sangue diminui, podendo agravar quadros hipertensivos e até ocasionar obstruções no sistema cardiovascular. 

Por outro lado, o HDL, por ter uma densidade alta, acaba carregando esse colesterol que foi “deixado pelo caminho” e levando de volta para o fígado. Dessa forma, acaba fazendo uma espécie de limpeza dos vasos. Pensando assim, fica mais fácil entender porque é importante  também prestar atenção se os níveis de HDL estão adequados.

Relação entre Colesterol Alto e Doença Cardiovascular 

Como já mencionamos brevemente no tópico anterior, vasos lesionados têm alta afinidade para o acúmulo de colesterol vindo do LDL. Em geral, essa lesão ocorre pela alta pressão nos vasos (hipertensão) e também por maus hábitos, como o tabagismo. Além disso, as condições genéticas também precisam ser levadas em conta. Afinal, há forte associação entre genética e o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis de todos os tipos. O acúmulo de gordura nos vasos forma o que chamamos de placas de ateroma e causam a doença chamada aterosclerose. 

Em linhas gerais, funciona da seguinte forma: imagine o vaso sanguíneo como uma mangueira. Sem obstrução, o líquido consegue passar livremente, sem dificuldade. A partir do momento que uma placa de gordura passa a se formar, o espaço dentro da “mangueira” passa a ficar cada vez menor. Assim, há cada vez mais dificuldade para a passagem do sangue, além do desenvolvimento de células musculares para “compensar” essa maior pressão e não arrebentar o vaso. 

Como controlar os níveis de colesterol? 

Agora que já compreendemos os riscos de não fazer o controle do colesterol, falaremos sobre a solução para o problema. É interessante perceber que, salvo em raras condições genéticas, a adoção de bons hábitos alimentares é capaz de reverter o quadro de dislipidemia, que é o nome dado pelos médicos para o descompasso nos níveis de colesterol.

Medicamentos, especialmente as estatinas, são indicados em casos onde há um quadro importante da doença. Porém, não excluem a necessidade de mudança de hábitos. Além de incluir atividades físicas na rotina diária, algumas modificações na alimentação são necessárias. Entre elas, podemos citar:

Exclua alimentos industrializados de todo tipo. 

Em geral, os alimentos industrializados possuem altos níveis de sódio, gordura trans, corantes e conservantes. Estas são substâncias pró-inflamatórias, que aumentam as chances dos vasos sanguíneos acumularem LDL.

Evite bebida alcoólica. 

O consumo em excesso de bebidas alcoólicas também aumenta os níveis de inflamação.

Controle a ingestão de carboidratos. 

Evite ao máximo a ingestão de açúcar e dê preferência a alimentos com baixo índice glicêmico.

Aumente o consumo de fibras. 

As fibras têm papel importante na alimentação. Elas estão nos alimentos integrais, mas também nas leguminosas (como feijão e lentilha), frutas e verduras.

Gorduras e Colesterol

É comum pensarmos que a conduta mais importante para a redução de colesterol é reduzir ao máximo o consumo de carnes, ovos e laticínios. No entanto, hoje já se sabe que a ingestão adequada desses alimentos é, inclusive, importante para a manutenção e recuperação da saúde. Mas, para isso, é necessário fazer boas escolhas. 

O ovo, visto como vilão durante algum tempo, é na verdade uma boa fonte de colesterol bom. Quanto às gorduras, prefira as fontes naturais. Entre elas, azeite de oliva, abacate, coco e oleaginosas, como as castanhas e nozes. 

Essas orientações são base para uma vida saudável e recuperação dos níveis de colesterol. Porém, não dispensam a necessidade de realizar exames periódicos e, tão pouco, as orientações do seu profissional de saúde. 

Se você tem dúvidas sobre como controlar os níveis de colesterol, agende uma consulta com o médico endocrinologista. A avaliação personalizada é importante e irá lhe ajudar a manter sua saúde em dia.