É bastante comum que mulheres procurem o consultório por apresentarem Síndrome dos Ovários Policísticos. Também conhecida pela sigla SOP, este distúrbio endócrino costuma assustar principalmente as mulheres em idade fértil e que ainda pretendem engravidar. 

Como o nome sugere, a Síndrome dos Ovários Policísticos nada mais é do que a formação de pequenos cistos nos ovários. A consequência é o que nós, médicos, chamamos de hiperandrogenismo, ou seja, excesso de hormônios andrógenos (masculinos), como a testosterona. Quando a doença se apresenta na forma clássica, há irregularidade menstrual, acne, pêlos em locais indesejados e tendência à obesidade

Como a Síndrome do Ovário Policístico começa? É genético?

Ainda não se sabe ao certo os mecanismos que levam ao aparecimento da doença. Alguns pesquisadores acreditam que um estímulo inadequado na glândula adrenal pode desencadear o problema. Já outros consideram o sistema nervoso central o fator causal. De todo modo, ainda não se conseguiu provar a verdadeira origem, sequer que haja fator genético associado. 

Um estudo que analisou 112 mulheres com Síndrome do Ovários Policísticos acompanhadas na Divisão de Endocrinologia Ginecológica do Departamento de Ginecologia da Escola Paulista de Medicina apontou que 25,7% das pacientes relataram um caso semelhante em sua família. No entanto, essa associação não pode ser provada. 

Como é feito o diagnóstico e o tratamento?

O diagnóstico deve ser feito pelo médico endocrinologista ou ginecologista. A partir do relato sobre sinais e sintomas, que em geral são bastante marcados pela irregularidade na menstruação, pode-se pedir outros exames complementares. Entre eles, o ultrassom para embasamento e posterior tratamento. 

Entre os sinais e sintomas mais comuns da Síndrome dos Ovários Policísticos, estão:

  • Menstruação irregular;
  • Ganho de peso; 
  • Acne;
  • Pelos anormais, especialmente em seios, queixo e buço;
  • Pele oleosa;
  • Queda de cabelo.
  • Acantose nigricans (escurecimento da pele em região de dobras, pescoço e axila)

Lembrando que esses sintomas são apenas um indicativo de que algo está mal. Na SOP, nem sempre todos estão presentes. Além disso, a presença de um ou mais deles não indica necessariamente a doença.

Apesar de não ter cura conhecida, a Síndrome dos Ovários Policísticos pode ser controlada. A boa alimentação e a prática de atividades físicas têm se mostrado excelentes para melhorar de forma considerável os sintomas. Como a SOP está relacionada à resistência insulínica, a Dieta LowCarb pode ser indicada nesses casos. Levando à perda de peso, melhora do perfil metabólico e hormonal dessas mulheres.

Além disso, o uso de medicamentos pode ser necessário. Os anticoncepcionais orais podem ser prescritos com o objetivo de tratar o excesso de hormônios andrógenos. Assim, tendem a melhorar o quadro de acne, pele oleosa, excesso de pelos e queda de cabelo. Também podem ser associados hipoglicemiantes orais, por haver forte correlação com a resistência periférica à insulina (cerca de 50 a 70%). Nos casos de mulheres que pretendem engravidar, ainda podem ser necessários medicamentos para reverter o quadro de infertilidade. 

Além do médico endocrinologista e/ou ginecologista, em alguns casos é recomendável a multidisciplinaridade no tratamento da Síndrome dos Ovários Policísticos. Do mesmo modo, sintomas de estresse e ansiedade também devem ser considerados no diagnóstico e tratados adequadamente. Sendo assim, o trabalho conjunto com profissionais de nutrição, educação física e psicologia pode ser a chave para o sucesso do tratamento. 

Como posso engravidar mesmo com SOP?

Apesar de ser um dos principais fatores que levam mulheres a terem dificuldade para engravidar, a Síndrome dos Ovários Policísticos não determina infertilidade. No entanto, você pode estar se perguntando: 

“Se o tratamento envolve a ingestão de contraceptivos orais, como farei quando quiser engravidar?”

Não há uma única resposta para essa pergunta, já que a SOP pode ter diferentes manifestações em cada uma das mulheres. No entanto, basicamente, o tratamento consiste na melhora dos hábitos de vida e no controle da doença. Posteriormente, suspende-se a medicação e induz-se a ovulação. Esse procedimento deve ser acompanhado de perto pelo médico. Há também outras possibilidades, como fertilização in vitro, mas que devem ser vistas caso a caso.

O mais importante é que a mulher com SOP faça o tratamento da maneira que o profissional de saúde que a acompanha julgar mais eficaz. Além disso, que tenha bons hábitos de alimentação e atividade física e mantenha sua qualidade de vida.
Caso tenha restado alguma dúvida sobre a Síndrome dos Ovários Policísticos, entre em contato comigo.