O desejo de emagrecer está presente em rodas de conversa, planejamentos de fim de ano e promessas de todo tipo. Ocorre que, mais do que um simples desejo, é uma questão de saúde pública. Dados recentes da OMS (Organização Mundial da Saúde) revelam que mais da metade (55,7%) da população brasileira está acima do peso. 

O padrão estabelecido para saber se um adulto é obeso ou não é o índice de massa corporal (IMC). O cálculo consiste em dividir o peso pela altura do paciente, ao quadrado. Apesar de não ser o único parâmetro para determinar a composição corporal de um indivíduo, é o mais simples. Por isso, é o mais usado em pesquisas como essa feita pela OMS. Assim, é considerado um adulto com sobrepeso aquele que possui IMC entre 25 e 29,9. Já a obesidade é para aqueles que possuem o resultado do cálculo maior ou igual a 30. 

Segundo a pesquisa, o crescimento da obesidade foi maior entre adultos e jovens. As faixas de 25 a 34 anos e de 35 a 44 anos foram as que sofreram maior impacto. O sobrepeso atinge mais os homens, já a obesidade é mais prevalente entre as mulheres.

Há muitas causas para o ganho de peso e, mais do que isso, para não conseguir perder os quilos adquiridos. Se é o seu caso, o primeiro passo é refletir sobre a origem da dificuldade em emagrecer.

Emagrecer é mais simples quando se conhece a causa 

O número elevado de pessoas com sobrepeso e obesidade mostra, por si só, que há um problema complexo. Mais do que isso, não possui uma única causa e por isso deve ser visto caso a caso antes de se traçar uma estratégia de emagrecimento. 

Muitos pacientes se queixam de questões hormonais e chegam ao consultório em busca de uma resposta. Mas a verdade é que um número de pessoas muito pequeno possui, de fato, uma disfunção hormonal causadora como um descompasso na tireoide, por exemplo. O mais comum é que outros fatores estejam interferindo no processo de emagrecimento, tais como: 

Stress e Mudanças na Vida

No meu consultório, recebo muitas pacientes (especialmente mulheres) que relatam um ganho de peso expressivo justo na faixa de idade relatada pela pesquisa: 25 a 44 anos. São mulheres que tiveram filhos, possuem rotinas de trabalho intensas e, muitas vezes, não têm tempo para dar a devida atenção à alimentação e encontram dificuldades em emagrecer.

Além disso, a ciência explica por que o stress está tão relacionado com o ganho de peso: o hormônio chamado cortisol. A presença desse hormônio, que aparece quando estamos estressados, estimula uma resposta primitiva do organismo para a liberação de adrenalina e insulina. A primeira é responsável pela liberação rápida de açúcar na corrente sanguínea e, a outra, faz com que a glicose entre rápido nas células. É como se o corpo se preparasse para reagir ou fugir de alguma ameaça. O resultado você já conhece: uma demanda maior por carboidratos, maior vontade de comer doces, pães e outros alimentos com alta densidade calórica. 

Falta de tempo para organizar as refeições

Trabalho em excesso, trânsito das grandes cidades e facilidade em encontrar opções prontas, mas com muitas calorias, são alguns dos motivos que fazem com que os números da obesidade só aumentem.

Some ao stress a falta de tempo para cozinhar ou organizar refeições saudáveis. Estudos científicos relacionam diretamente a habilidade de cozinhar com a alimentação saudável, mas o tempo dedicado a desenvolver essas habilidades e, principalmente, praticar receitas no dia a dia é cada vez mais escasso. 

Atividade física em segundo plano

E se não há tempo para comer bem ou cozinhar, a prática de atividade física também acaba sendo deixada de lado. A boa notícia é que, ao menos o que aponta a pesquisa que citamos no início do texto, esse hábito está mudando. O levantamento identificou que o número de pessoas que praticam pelo menos 150 minutos por semana de alguma atividade física no tempo livre subiu de 30,3% para 38,1% entre 2009 e 2018. 

Existe uma solução para emagrecer?

Sim, existe. A rotina agitada é uma realidade para muitos e voltar no tempo dos nossos pais ou avós, onde as refeições eram feitas com toda calma, nem sempre é uma opção. A solução, portanto, é encontrar uma estratégia que se adeque à realidade de cada paciente, seja ela qual for. 

O primeiro passo é procurar um bom profissional de saúde e que esteja disposto a lidar com o paciente de forma integral, ou seja, que saiba compreender a verdadeira causa. Por isso, nas minhas consultas, busco não só solicitar exames e observar números, mas também entender o contexto no qual a pessoa vive. 

Só a partir dessa avaliação inicial é possível traçar, junto ao paciente, uma estratégia adequada para emagrecer. Há os que precisem fazem tratamentos medicamentosos para corrigir aspectos hormonais, outros nos quais ajustes na rotina para a inclusão de bons hábitos e atividade física já bastam para emagrecer. 

Acima de tudo, é importante saber que os resultados aparecerão à medida que houver o entendimento da complexidade do problema. Com o plano adequado de emagrecimento, os resultados não precisam ser imediatos, mas certamente virão.